ABNA Brasil: Esta pesquisa, com uma abordagem analítica e combinando fontes islâmicas, académicas e psicológicas, examina as dimensões da educação religiosa e psicológica do adolescente sob a perspetiva do papel materno e apresenta soluções para a reconstrução da educação baseada na fé na família iraniana contemporânea.
1. Introdução
A família é o primeiro ambiente onde a criança se familiariza com o mundo, Deus e consigo mesma. Neste contexto, a mãe ocupa um lugar especial, pois o primeiro vínculo afetivo do ser humano se forma através dela.
No Alcorão Sagrado, está dito: “E Eu recomendei ao ser humano que trate com bondade os seus pais. A sua mãe o carregou com dificuldade e o deu à luz com dificuldade” (Al-Ahqāf/15).
Este versículo enfatiza as dificuldades da gravidez e a importância da bondade para com os pais, mas, ao mencionar especificamente a "mãe", realça a sua posição na educação.
Na literatura persa, diz-se: O Paraíso está debaixo dos pés das mães, não apenas pelo sofrimento do parto, mas sim pela arte de construir.
A adolescência é o período de transição da dependência infantil para a autonomia adulta; uma época em que os valores são moldados na mente e a identidade individual e religiosa é consolidada. Nesta fase, a mãe, com afeto, diálogo e servindo de modelo, tem um papel chave na saúde mental e espiritual do adolescente. Pesquisas sobre psicologia familiar no Irão demonstram que um forte vínculo afetivo com a mãe está associado a um aumento da resiliência e à diminuição da ansiedade nos adolescentes (1).
2. Fundamentos Teóricos
2.1. O Lugar da Mãe no Sistema Educativo Islâmico
Na visão do Islão, a educação religiosa começa no ventre materno. O Profeta Muhammad (S.A.W.) disse: “Feliz é aquele que é feliz no ventre de sua mãe, e infeliz é aquele que é infeliz no ventre de sua mãe.” (2) Isto significa que a felicidade do ser humano começa no útero materno.
Na escola dos AhlulBayt (A.S.), a mãe é o veículo para a transmissão do afeto e da fé. O Imam Sajjād (A.S.), na súplica sobre o "Direito da Mãe", diz: “E dá honra à minha mãe que me carregou...” (3) e a apresenta como a pessoa mais merecedora de respeito e carinho.
Do ponto de vista sociológico, a mãe é o principal agente da socialização primária, e o seu comportamento tem um impacto duradouro na atitude religiosa da criança (4).
2.2. Teorias Psicológicas na Educação Materna
Na psicologia contemporânea, a Teoria do Apego de John Bowlby enfatiza que o vínculo afetivo com a mãe é a base da saúde mental futura da criança. A rutura ou fraqueza desta ligação cria ansiedade e instabilidade emocional (5).
De forma análoga a esta teoria, na cultura islâmica, há um dito do Imam ‘Alī (A.S.): “O coração da criança pequena é como um terreno baldio; tudo o que nele é lançado, ele aceita.” (6) Esta afirmação mostra que a educação materna, nos primeiros anos de vida, direciona a fiṭrah (natureza inata) do ser humano.
2.3. O Estatuto de Hazrat Zahra (S.A.) como Modelo para a Mãe Muçulmana
Hazrat Fatimah az-Zahra (S.A.), na história do Islão, é o símbolo da mãe responsável, sábia e crente. Ao desempenhar o seu papel familiar, ela foi o eixo da educação de filhos como o Imam Ḥasan (A.S.), o Imam Ḥusayn (A.S.) e Hazrat Zaynab (S.A.), todos eles exemplos de perfeição humana.
É relatado que Fāṭimah (S.A.) orava pelos crentes até de madrugada, e quando o Imam Ḥasan (A.S.) perguntou o motivo, ela disse: “Al-Jār thumma ad-Dār” (O vizinho, depois a casa) (7). Este relato é um exemplo de educação social e espiritual no seio da família.
3. Perspetivas Académicas e Universitárias
Verificou-se que os comportamentos religiosos da mãe (oração, súplica, observância do ḥijāb e honestidade) têm um impacto direto na atitude religiosa do adolescente (8).
Um estudo com 400 famílias iranianas mostrou que uma relação afetiva saudável entre mãe e adolescente está associada a uma redução de 35% na probabilidade de depressão (9). Numa outra pesquisa sobre educação religiosa em famílias religiosas, enfatiza-se que o "diálogo educativo" é o fator mais importante na transmissão de valores religiosos (10).
Do ponto de vista dos estudiosos xiitas contemporâneos, Āyatullāh Javādi Āmulī diz: “A mãe é a origem da educação; se a fé florescer no seu colo, a sociedade será salva da escuridão.” (11) O Professor Shahid Muṭahharī escreve: “A mãe é um espelho no qual o filho vê a imagem da humanidade.” (2)
4. Análise e Esclarecimento Baseado no Conhecimento dos AhlulBayt (A.S.)
4.1. O Afeto; A Coluna da Saúde Mental
Os AhlulBayt (A.S.) consideraram o afeto materno como um sinal da Misericórdia Divina. O Imam Ṣādiq (A.S.) disse: “Que Deus tenha misericórdia daquele que ajuda o seu filho a ser obediente/piedoso.” (12) Na conduta de Hazrat Zahra (S.A.), o afeto foi combinado com disciplina e educação. É relatado que Ela despertava sempre os Seus filhos com menções e súplicas para que rezassem de madrugada; uma educação amorosa, mas orientada.
4.2. Modelagem Ética
Nas novas teorias educativas, a "aprendizagem por observação" é um dos métodos mais eficazes. Os AhlulBayt (A.S.) demonstraram este princípio na sua própria conduta. Hazrat Zahra (S.A.) convidava os Seus filhos à devoção, adoração e honestidade não por palavras, mas por ações. No folclore popular, diz-se: A criança faz o que o pai faz — se não fizer, o pai faz. Isto refere-se ao mesmo princípio de os pais serem modelos.
4.3. Educação Religiosa e Responsabilidade Social
A conduta Fāṭimī estabelece uma ligação entre a fé individual e o compromisso social. O Imam Ḥusayn (A.S.), ao descrever a sua mãe, disse: “Minha mãe me lembrava de Deus antes mesmo de eu abrir a boca para falar.” (13) Esta declaração contém o significado mais profundo da educação religiosa no ambiente doméstico.
4.4. Conclusão
O estudo comparativo entre as teorias científicas e os ensinamentos dos AhlulBayt (A.S.) mostra que as mães devotas, ao se espelharem na conduta de Hazrat Zahra (S.A.), podem ser o eixo do "Estilo de Vida Saudável"; um estilo onde afeto, racionalidade e espiritualidade crescem simultaneamente.
O papel da mãe na educação religiosa e na saúde mental dos adolescentes no Islão não é apenas biológico e afetivo, mas também cultural e epistemológico. A conduta de Hazrat Zahra (S.A.) oferece um modelo completo de maternidade comprometida, consciente e divina. Uma sociedade cujas mães são educadas na educação Fāṭimī terá uma geração que demonstra fé, sabedoria e moralidade simultaneamente no seu comportamento.
Fontes:
- Salimi, M. e colaboradores (1402 [Solar]). "Relações Familiares e Resiliência de Adolescentes". Revista Iraniana de Psicologia Aplicada.
- Muṭahharī, Murtaḍá. (1374 [Solar]). O Sistema de Direitos da Mulher no Islão. Teerão: Ṣadrā.
- Ṣaḥīfah Sajjādiyyah, Súplica 24.
- Ḥabībī, N. (1403 [Solar]). "O Papel da Família na Socialização Religiosa das Crianças". Revista de Educação Islâmica.
- Bowlby, J. (1969). Attachment and Loss. Londres: Basic Books.
- Nahj al-Balāghah, Carta 31.
- Biḥār al-Anwār, Vol. 43, p. 81.
- Akbarī, F. (2022). "O Papel da Mãe na Educação Religiosa de Adolescentes Iranianos". Universidade de Teerão.
- Ṣādiqī, S. (2023). "A Relação do Vínculo Afetivo Mãe-Adolescente e a Saúde Mental". Revista de Pesquisa da Família Iraniana.
- Salimi, M. e colaboradores. (2024). Educação Religiosa em Famílias Religiosas. Revista de Estudos Culturais.
- Javādi Āmulī, ‘Abdullāh. (1398 [Solar]). A Mulher no Espelho do Esplendor e da Beleza. Qom: Isrā’.
- Al-Kāfī, Vol. 6, p. 49.
- Khaṣā’iṣ az-Zahrā’, p. 95.
Your Comment